A vida é uma jornada repleta de momentos que, muitas vezes, só valorizamos quando já se tornaram memórias. A série Frieren: Beyond Journey’s End nos convida a refletir sobre o peso do tempo, a nostalgia e a saudade, temas que ecoam profundamente no processo de envelhecimento e em condições como o Alzheimer. Vamos explorar esses paralelos de forma leve e reflexiva, como as memórias moldam nossa identidade e como podemos encontrar significado mesmo diante da impermanência.
Frieren, é uma elfa que vive muito mais tempo que seus companheiros humanos. Após uma jornada épica para derrotar o Rei Demônio, ela testemunha o envelhecimento e a morte de seus amigos, enquanto permanece quase inalterada pelo tempo. Essa longevidade a leva a reviver constantemente as memórias do passado, gerando um sentimento profundo de nostalgia e saudade.
Na série, nostalgia pode ser tanto um conforto quanto uma dor. Frieren se lembra dos momentos que compartilhou com seus amigos, mas também percebe que não valorizou plenamente esses momentos enquanto eles aconteciam. Essa reflexão é um convite para que nós, espectadores, repensemos nossa relação com o tempo e com as pessoas ao nosso redor.
Assim como Frieren carrega o peso das memórias de seus amigos falecidos, o envelhecimento traz consigo a necessidade de lidar com a perda – seja de entes queridos, de habilidades físicas ou, em casos como o Alzheimer, da própria memória. O Alzheimer é uma doença que afeta diretamente a identidade da pessoa, fragmentando suas lembranças e criando uma desconexão entre o passado e o presente.
No entanto, mesmo em meio à confusão, as memórias antigas podem permanecer, trazendo à tona sentimentos de nostalgia. Uma pessoa com Alzheimer pode se apegar a fragmentos de sua juventude, revivendo momentos que, de certa forma, a conectam a um tempo em que se sentia mais plena. Essas memórias, embora difusas, são essenciais para manter um senso de identidade e pertencimento.
Já a saudade é um tema central tanto no anime quanto no envelhecimento. Frieren sente falta de seus companheiros e das experiências que compartilharam, mas também percebe que não pode voltar no tempo para reviver ou valorizar melhor aqueles momentos.
Da mesma forma, uma pessoa com Alzheimer pode sentir uma vaga sensação de perda, mesmo que não consiga mais identificar claramente o que foi perdido.
Essa saudade não é apenas pelos outros, mas também por si mesma. É uma saudade da identidade que se desvanece com o tempo, das habilidades que já não estão mais presentes e das conexões que se tornaram mais difíceis de manter. No entanto, a saudade também carrega uma beleza intrínseca, pois é um testemunho do amor e dos laços que construímos ao longo da vida.
Em Frieren, a protagonista aprende a valorizar as memórias como uma forma de manter viva a conexão com aqueles que já se foram. Ela passa a criar novas memórias com as pessoas ao seu redor, entendendo que o presente é tão importante quanto o passado. No contexto do Alzheimer, as memórias podem se tornar fragmentadas, mas ainda são essenciais para a identidade e o senso de pertencimento.
Cuidadores e familiares muitas vezes assumem o papel de “guardadores de memórias”, ajudando a pessoa a se reconectar com seu passado e a manter um senso de continuidade. Essa conexão é fundamental para que a pessoa com Alzheimer se sinta amada e valorizada, mesmo em meio às dificuldades impostas pela doença.
Ao longo da história, ela aprende a lidar com a perda e a aceitar a impermanência da vida. Ela encontra significado em continuar sua jornada, honrando as memórias de seus amigos. No contexto do envelhecimento e do Alzheimer, a aceitação também é um processo importante. A pessoa pode não ser mais a mesma, mas ainda há valor em cada momento vivido, mesmo que as memórias se tornem mais difusas.
A resiliência está em encontrar beleza e significado no presente, mesmo quando o passado parece distante. É sobre aprender a valorizar os pequenos momentos, as conexões que ainda podemos criar e as memórias que ainda podemos guardar.
Frieren: Beyond Journey’s End nos oferece uma reflexão profunda sobre o tempo, a nostalgia e a saudade.
Temas que ressoam fortemente no processo de envelhecimento e em condições como o Alzheimer. Ambos os contextos nos lembram da fragilidade e da beleza da existência humana, mostrando como as memórias moldam quem somos e como lidamos com a perda.
Enquanto Frieren lida com a imortalidade e a saudade, o envelhecimento e o Alzheimer nos confrontam com a finitude e a importância de valorizar cada momento. Afinal, o tempo, uma vez passado, não pode ser recuperado – mas as memórias que criamos e os laços que construímos permanecem, mesmo que de formas diferentes.
Que possamos, assim como Frieren, encontrar significado em nossa jornada, honrando o passado enquanto abraçamos o presente.
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