O primeiro filme solo de uma heroína da Marvel prepara o terreno para que a Capitã brilhe em “Vingadores: Ultimato”
“Capitã Marvel” está entre nós! O primeiro longa do universo cinematográfico Marvel protagonizado por uma mulher introduz muito bem a Capitã, heroína mais poderosa da franquia e que será essencial na luta contra Thanos em “Vingadores: Ultimato”. Lançado na véspera do Dia Internacional da Mulher, o filme também acerta ao trazer consigo mensagens de empoderamento feminino. Certamente, muitas meninas se sentirão representadas ou inspiradas pela força da personagem.
No início da trama conhecemos Vers, heroína dos Kree que busca lutar contra os Skrull, uma raça alienígena. Esses inimigos possuem a capacidade de alterar sua forma e se transformar em outras pessoas. Vers possui muitas falhas em sua memória, inclusive quanto à origem de seus poderes. De início, ela acredita ser obra dos Kree, que forneceram tal força a ela e agora a treinam para defender o universo.

Ao chegar no planeta C-53, a Terra que habitamos — e maltratamos –, Vers começa a investigar um passado do qual não se lembra totalmente. Ela enxerga memórias por meio de pequenos flashes que surgem em sua cabeça. Aos poucos, Vers se descobre como Carol Danvers, uma simples e determinada moradora terrena. Essas características da heroína permitem uma maior inspiração do público na personagem e se encaixam bem dentro de uma trama em que a Capitã vai firmemente atrás de sua verdadeira história e identidade.
Dirigido por Anna Boden e Ryan Fleck, “Capitã Marvel” conta com um elenco de qualidade, com destaque para Brie Larson, excelente no papel principal, o sempre ótimo Samuel L. Jackson, interpretando Nick Fury em seu início de carreira, e Lashana Lynch, encarnando Maria Rambeau, parceira imprescindível de Danvers. Ah, é claro, a gata Goose também merece destaque!
O filme se passa nos anos 1990 e se mostrou impecável na caracterização da década. Roupas, carros e locais parecem ter sido escolhidos a dedo, de modo a apelar para um leve e agradável sentimento nostálgico. Até mesmo algumas músicas também remetem àquela época: espaço para bandas como Nirvana ambientarem certas cenas.
O 21º episódio do universo cinematográfico desenvolvido pela Marvel preenche lacunas sobre o surgimento não só da protagonista, mas de toda a Iniciativa Vingadores. As referências a outros episódios do MCU e os easter eggs são capazes de fazer qualquer fã suspirar e são um ponto alto do filme — não raro era possível ouvir um “Oooooh” em coro sendo proferido pelos espectadores na plateia. Suas duas cenas pós-créditos compensam e a homenagem feita a Stan Lee, que faleceu em 2018, traz consigo uma dose de emoção. O filme foi para ele.
A história se mostra um tanto irregular por perder ritmo em alguns momentos. Usa e abusa do humor — principalmente com a carismática e perigosa gatinha Goose. O longa acerta nesse aspecto, mas fica próximo de ultrapassar a linha tênue que o separa do exagero. O roteiro não surpreende e faz o simples ao seguir o velho modelo dos filmes da Marvel. Por isso, pode até decepcionar aqueles que esperavam uma narrativa proporcional aos superpoderes incríveis da heroína e à sua importância.
“Capitã Marvel” se encontra entre um lado militante pró-feminismo que o venera e um outro lado contrário que o critica e até o boicota. O longa recebeu críticas por supostamente possuir viés feminista. No entanto, sua história traz uma mensagem de protagonismo feminino de forma muito bem diluída no roteiro. Seguramente, não se sentiram incomodados aqueles que conhecem minimamente os impactos históricos do machismo na sociedade, ou então as diferenças entre ser homem e mulher — mesmo em exemplos bobos, como escolher uma roupa para ir ao cinema assistir Brie Larson em ação. De qualquer forma, o filme passou por cima das polêmicas e é sucesso absoluto de bilheteria.
Um aspecto importante sobre Larson, ganhadora do Oscar de Melhor Atriz em 2016 por “O Quarto de Jack”, é o quanto ela se dedicou ao papel desde que foi escolhida para encarnar a Capitã. A atriz treinou física e intelectualmente, lendo as HQs da personagem e preparando sua musculatura. Além disso, em uma sessão do filme nos Estados Unidos, a intérprete ajudou a servir pipoca e refrigerante para o público, em um gesto de muita simpatia.
“Capitã Marvel” é um bom filme, cumpre bem o seu papel de introduzir a heroína ao MCU e é um excelente episódio do universo, preenchendo lacunas anteriores e contando mais da história de personagens icônicos, como Nick Fury. Possui defeitos, como uma trama que usa a receita de bolo clássica dos filmes da Marvel e poderia ir além, ou então o fato de em determinados momentos perder ritmo, mas, no geral, acerta mais do que peca. Sua bilheteria crescente é reflexo disso, e, portanto, merece com louvor 4 bananinhas de avaliação aqui na Taverna.
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